Carta ao homem triste

Data 25/08/2010 01:33:06 | Tópico: Poemas -> Dedicatória


Estranha-me este estranho pensar.
Sempre que sinto intenso, sinto que muito mobiliza, pois sentimento é imenso, mais denso que o ar. Mas pergunto-me se gasta tanto tempo, porque o investe em tormento, com tanta gente para se amar. Não entendo, como pode um ser insistir em ser não sendo, curando-se dos males em versos-amargos-unguentos para na iniqüidade sobrevier, dialisar. Sinto uma pensa imensa, lembro-me da face tensa, de medo de não ser o que espera e se entregar. E fico com mais pena, de uma alma que nunca asserena, ao invés da aceitar e sossegar a pena, escrever sobre como é bom amar, vive triste, solitário insiste em escrever o que a alma clama por viver ou quiçá declamar.
Mas triste e muda é sua voz, pobre rio de seca foz, apenas um dia para na vida ser pleno, no seu leito correr, ser e vicejar...

Avante! Alma triste e errante, torço para que um dia tu possas te encontrares, quem sabe assim amar, viver, ser, não mais teres que tanto re-inventares, ter mais que uma data no ano para sentir-se pleno, um inteiro ser humano.

Beijo, sejas feliz, que possas sorrir, escrever sobre o belo, ser rei em teu castelo, mesmo que ao ar, que enfim possas te amar.

P.S. És tão, mas tão diferente de mim, não pinto-me com sangue, refresco-me com alecrim...
Esta carta foi escrita há muito, muito tempo, hoje a trouxe aqui porque faz tempo que não escrevo em rima, e hoje li este texto e achei ele diferente.



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