Ilê Ayê – A flor purpura

Data 13/08/2007 17:18:35 | Tópico: Poemas

Circula em minha veia este sangue negro,
Negro como era o mar e os navios negreiros
Negreiros carregados de almas, almas de gueto,
Negros cânticos, um ouro negro verdadeiro...
~
Eu canto por ti a ideologia da eterna liberdade,
E faço minha apologia a sua identidade de amor
Minha deusa de ébano, negra de pura divindade,
Anjo negro, de asas cintilantes, purpura cor...
~
Oxalá é pai, e salve Ogum, Ogunhê!
Ele fez-me negro, como negro é o universo.
As estrelas são luzes, mas o brilho é Ilê Ayê,
E Ilê Ayê é a força de cada palavra destes versos...
~
E são versos negros, versos para minha rainha,
A rainha que dança, e no embalo me conduz.
Leva-me ao passado, ao colo de minha madrinha,
Madrinha negra que desencarnou e virou luz...
~
Sou negro, e como negro venho a ti reverenciar,
E solto por ti Ilê Ayê, o grito silencioso da flor.
Que nasce Ilê Ayê, com a negritude a triunfar,
A alma crioula, escultura de azeviche talhada de amor...
~
Eu sou negro, e negra é a cor da liberdade,
Sou negro como o rio, sou negro como a dor.
Sou negro como o mar, sou negro como a verdade,
Verdades negras, soando ao toque do tambor...
~
Viva a vida, escute o que o Ilê Ayê tem a dizer,
São versos negros, da poesia negra imaculada.
A sabedoria nas palavras vem lhe oferecer,
Com letras benditas e preces abençoadas...
~
Êpa Babá! Xêuê Babá!, sou filho do rei,
Sou negro e canto, canto para que me possa ouvir.
Sou filho de negro, e como negro não negarei,
Que na flor de sua pele, o Ilê Ayê poderá sentir...



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=14849