E tudo o vento lhes levou

Data 28/08/2010 23:38:52 | Tópico: Poemas


Quis um dia
O destino
Mostrar-me o caminho
Desta terra que prometia

Cheguei pela tardinha
De um Março chuvoso
Trazia um ancinho ao ombro
E as sementes da esperança
No bolso...

Cavei a minha terra
Destorroei e alisei
Adubei
Semeei a minha fortuna
E esperei...

Esperei que germinassem
E florescessem
Os meus sonhos...

Quando despontaram as primeiras folhas
Cuidei para que não secassem

Reguei
Arralei
Sachei as ervas daninhas
Voltei a regar
Sachei de novo
E reguei... reguei...
Vezes sem conta!

As minhas folhas pequeninas
Multiplicaram-se
E cresceram viçosas
Alegrando-me o rosto
Em cada novo dia que as via

Vieram outros
Que também semearam
Mas não cuidaram
Não sacharam
Não regaram
E as pequenas folhas que despontaram
Morreram ao abandono...

Outras houve
Que semearam como eu
Que também regaram
Mas não sacharam
[Entreteram-se em tagarelices escusadas]
E deixaram que as silvas e as azedas
Criassem raízes tão fortes
Que lhes tolheram o renovo!...

Chegou a hora da colheita
Desta terra que prometeu
E até deu belos frutos
A quem à terra se deu

Os outros
Contorcem-se de inveja
Arrependem-se do desmazelo
Talvez até chorem...
Mas de pouco lhes vale
Se nada fizeram pela sua terra!

E tudo o vento lhes levou...


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Este poema já não é novo, foi escrito numa época em que, e tal como agora, o Luso atravessava uma crise. Não será por certo a receita secreta para a paz que se deseja, mas será certamente um exemplo de como se pode colher bons frutos da terra que nos é oferecida, se soubermos cuidar bem do que nela semeamos.


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