
Cartas (2)
Data 01/09/2010 00:17:08 | Tópico: Mensagens
| Presa na moldura, sou ainda aquele vulto no centro oeste da paisagem. As flores da tela morreram de vento e de sol e há uma fumaça de canela, amigo, misturada ao pó do agosto que agora se degenera. Olha o rio, que o rio é um amor que desconhece a estiagem; que tem a cor do que ousa refletir; a longevidade profunda de tudo o que não se esgota. Toca-me os sonhos e vê que durmo ainda, à janela de sempre e com os mesmos olhos de esperar-te. Sente, amigo, neste papel sem perfume, o gosto do beijo que jamais te dei e sofre um instante de sombra e de quimera; em tributo à água doce que silencia-me os pés à margem dessa fotografia.
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