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 O PIÃOData 02/09/2010 11:15:44 | Tópico: Poemas
 
 |  | Os olhos estão cegos As sensações estão gastas
 As cores estão desbotadas
 Perdidas num oceano de lágrimas
 
 O perfume vadio vai-se
 Perdendo
 Subitamente no ar
 
 E eu
 Aqui permaneço
 Vendo-o somente ir
 Para um outro lugar
 E eu fico a sorrir
 Ou talvez só a fingir
 Pois tudo é fingimento
 
 Tudo aquilo que eu disse
 De nada nos valeu
 Nem a mim
 Nem a ti
 E agora eis o fim
 Ou talvez o recomeçar
 
 Agora tudo treme
 Explode corta
 O diabo toma o leme
 E deus não abre a porta
 
 Eu não me pergunto
 Nem me arrependo
 
 Tudo desaba a mim junto
 Mas aguento e sigo vendo
 
 Eu grito por vezes
 Mas calo depois
 As lágrimas que chorei
 Eu chorei por nós os dois
 E por aqueles que me caem
 A meus pés inanimados
 Filhos da sorte
 Filhos bastardos
 
 Eu olho nesta rua
 Inundada pela morte
 Onde os sonhos estão perdidos
 Mas ela está nua
 Apenas restos de outrora
 Apenas cortantes gemidos
 
 Mas uma voz chama de longe
 Vou mais perto para ver
 É uma criança que sorri
 Que sorri de verdade
 E eu não consigo perceber
 Não tem pais não tem casa
 Não padece com a realidade
 Que nada lhe tirou
 Pois na mão ainda tem
 O pião com que brincou
 
 Ela agarra a minha mão
 E ensina-me a brincar
 Sigamos brincando então
 O pião não pode parar
 
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