Pequena luz de vela

Data 02/09/2010 23:35:48 | Tópico: Sonetos

Somente a solidão, imensa, verdadeira,
A dona da razão, embora muito áspera,
Inunda o coração no seu limite máximo,
Fareja feito cão a vida passageira.

Da última vilã, legítimo prefácio.
A mínima fração do que nos diz o nada.
E mesmo que na vida esteja mascarada,
Erige-se à sombra; impávido edifício.

Se o gosto desse fel escorre na garganta,
Aperta o teu passo, dá de ombros, canta
A única canção que aplaca essa dor.

Pois mesmo qu’esse canto seja à capela,
Em meio à escuridão, pequena luz de vela,
É claro e altaneiro, é fogo, é amor.


Frederico Salvo



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