
BEBENDO O MAR DA INSANIDADE
Data 04/09/2010 12:12:07 | Tópico: Poemas -> Reflexão
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Um gesto coíbe a lágrima: A glória e a angústia se amalgamam, Se entrelaçam, se abraçam, se procuram, se misturam, Se mastigam, se adaptam, se compactam, se fecundam, Se masturbam e se adicionam hirsutos Ao sabor dos pensamentos mitômanos, confusos, Gerando uma insólita & desvairada Alegria atormentada em relação Ás aquarelas assenzaladas quais sequestram, Flagelam ou sepultam O oceano fluente pelo cérebro á beira Do abismo profundo.
Ah, pensar também Que integro o elenco De reféns desta maré maligna:
Ora como um espectador impotente Por não poder ser reativo Quando a peçonha da violência, Da cobiça e da autocracia Preda a candura ---- até então, Mantida incólume ainda, quanto Á sua alma, á sua lírica arquitetura --- Pois a consciência sente a dolência De viver em infinita clausura;
Ora sentindo o amargor De fruta cítrica Da amorosa sensaboria Fazendo malsãs investidas, Cheias de sedução e aleivosia Contra a aurora da fantasia Quando a arte da conquista Vira planeta em sangria;
Ora completamente imerso Na piscina labiríntica Do meu mundo-ego, Hades onde Os demônios --- apátridas Da indulgência e da fidalguia --- Castram-me o combustível qual alimenta, De maneira apaixonadamente feroz e fidedigna, A fogueira ativista contra o império da hidra, Além de devorar --- tal se fosse Um cardume celerado De famintas piranhas assassinas --- O lume do farol que mantém viva e fortifica A energia do Corcel da tranquilidade assertiva, Da solar lira!
Ah, não desejo mais Que o nosso destino Caiba --- de modo conciso --- Na palma da mão Do vácuo empedernido:
Ao contrário, Espero incansável Que a manhã-mor Do equinócio auspicioso ecloda, Portando consigo o sol do denodo, Do arco-íris onde mora o regozijo do sonho, Da flora, da fauna, da via Láctea do ouro, Da Poesia que liberta a Mente do Povo!
Mas o império da pedra Mostra o verdadeiro timoneiro Do navio da realidade:
Ele ostenta a face De canções quais assassinam a jocosa tarde E levam ao templo do abate O carcereiro da catástrofe.
Então minha rijeza Vira mármore: A poesia cuja centelha Irrompe do Rio São Francisco Dos meus versos É catarse trôpega, lôbrega, estéril: A realeza maior dos tétricos cemitérios!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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