
MARCAS DO SERTÃO
Data 05/09/2010 03:24:00 | Tópico: Poemas -> Tristeza
| MARCAS DO SERTÃO Paulo Gondim 04/09/2010
As velas se apagam O canto triste dá lugar ao silêncio Um a um, retiram-se calados Na rede, o corpo inerte Sentimentos sombrios, violados Na perplexidade do momento Um corpo que vai Um sepultamento
No Sertão, não se estranha a morte Já faz parte da rotina sinistra Confunde-se com prêmio ou castigo Convive-se, não se rejeita inimigo
No ressecar da terra moribunda A vida tem pouco a exigir Na paisagem fosca, hostil O que torna mais cruel cada porfia A coragem por si se desencanta Na difícil tarefa de se viver um único dia
E entre espinhos e galhos retorcidos No chão árido de tantos pedregulhos Uma estrada qualquer corta o Sertão E cruzes se repetem na triste visão De cada margem, contando sua história Quase sempre de desgraça em sua solidão
As velas apagadas agora se acendem Nos braços de cada cruz abandonada Perfiladas ao longo dessa estrada Na luz, espantando assombração Cada cruz no caminho ali fincada É a marca da vida no Sertão
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