COMBALIDA, MAS IMORTAL

Data 05/09/2010 12:38:52 | Tópico: Poemas -> Reflexão




Ainda que enferma,
A esperança dardeja:


Os déspotas e vampiros de Crônos
Confinam nossa mente e ânimo
Nas trincheiras cavilosas
Do consumo, do velado abandono
Ou das malhas maliciosas
Do circo contemporâneo.


Mas, apesar das velhacarias
E da miríade de intempéries,
A faculdade de sonhar
--- mesmo que veementemente imbele
Ou de maneira inconscientemente serelepe ---
Faz pulsar teimosamente
O coração da verve.


Ah, a esperança!
Embora seja
Incessantemente mutilada
Por homens-bomba
Da ganância-cornucópia parasitária


E sempre esteja
Deitada sobre o ventre
Dos umbrais da cova;


No último segundo,
Ela se agarra ---
Com rijeza ---
Á mão estendida
Do lençol freático da vida,


Alimentando a vela
Qual torna funesta
A devastadora eloquência
Da canção que regozija os suicidas.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=149575