solitário companheiro

Data 06/09/2010 14:36:48 | Tópico: Poemas

não sabes do fim da curva
que desenha a noite turva

não sabes do meu olhar.

não sabes do
virar da esquina
que esse edificio assume
que vida, por muito que siga,
não te ensina

mal sabes
a quem pedir lume

não sabes do meu olhar.

não sabes do sopro do vento

de onde vem
e a que momento

não sabes do teu tormento

não sabes do meu olhar.

não sabes da cor do meu sangue
das variantes da dor

não sabes da cor
do amor em cada corpo

em si estanque

não sabes do meu olhar.

não sabes do escuro petróleo
azul tão negro da noite
nem do cheiro a gasolina
como se fosse o dinheiro
de uma mão lavada a óleo
num açoite de silêncio

ou da música
em surdina,

solitário companheiro:

não sabes do meu olhar.



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