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 POEMAS DESENHADOSData 17/09/2010 00:23:01 | Tópico: Poemas
 
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 POEMAS DESENHADOS
 
 Acordei apinhado de versos.
 Os poemas desenhavam-se
 Aos sentidos verticais
 Como papéis de parede
 E as rimas fibrilavam furta-cores
 Num sincopado balé cardíaco
 Pareando-se aos hemisférios,
 Ao púbis, pendulado aos ilíacos
 Reboleando, críticas, seus mistérios
 Beijavam-me ao contrário, um ósculo onírico...
 Bocas carmins ao baço, aos tratos urinários
 Aos intestinos, pulmões, nervo vago...
 Refestelavam-se, dionísicos, por ossos cavernosos
 Pelas entranhas ocas dos vasos
 Correndo com leves pés alados, libertários...
 Flanavam montados em buquês de raios...
 Mas eu, ai de mim. Pobre consciência precária
 Não estava em nada preparado
 Para entender dos próprios confins
 E perdi meu chão de sonhos ao primeiro gole
 De café, indo da cozinha à sala...
 O que a memória desconsolada vos relata
 É, agora, migalha, restolho
 A omoplata da história conflitada, fragmento
 Do sons diluídos desta magnífica sinfonia inata...
 
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