Caíu-me a noite no dedo mindinho

Data 13/09/2010 17:58:58 | Tópico: Poemas

Porra! (ai desculpem...)
É que não há alminha que aguente! Vai uma pessoa à feira logo pela manhã, a ver se ainda vai a tempo de encontrar orvalho nas couves e bichinhos nas maçãs (na esperança de um desconto no preço...) e, pelo caminho, acaba por perder a manhã! É que não sei onde a meti! Bem me fartei de procurar, mas nada... com certeza escapuliu-se, juntamente com uns trocos desencaminhadores que trazia no bolso roto das calças... Devia ter sido. Foi tudo à vida airada, não adiantou perguntar pelas horas a um polícia que passava... o pobre também parecia andar à caça de qualquer coisa (talvez uma rola...) e nem me deu muita atenção. Ainda por cima olhou para mim como quem me achava atrasada, ou coisa assim. Olha a novidade!...
Bem, ia eu dizendo, enquanto lembrava a minha manhã (era tão linda, cheia de sol!... não me conformo!...), que... ah, pois, que, à falta de manhã, comeu-se frango guisado para o almoço. Como sou de bons temperos e de bons fígados, lá esqueci a manhã e perdoei a tardia sesta, pelo bem que me soube o pertardar (pois... de noite pernoita-se, de tarde... pertarda-se, não faz sentido??)...
Ao pulso do meu relógio é que fez mal a sesta. Então não é que desatinou e, feito uma bússola tonta, se pôs a ritmo de enfarte?... Quando lhe tomei o compasso, quase tive um achaque cardíaco!... e, ao longe, já rebolavam sinos a anunciar a missa vespertina...
Nisto, aconteceu-me o pior, o impensável: caíu-me a noite num dedo mindinho (já nem sei se foi no esquerdo ou no direito...)
Não há direito!... Caí pro lado e adormeci...
(Eu ia jurar a pés juntos que me deu o fanico, mas já nem sei onde pus os pés, e antes que me digam que foi outra coisa... pronto, adormeci.)


(escrito, ao lusco-fusco e talvez em transe de sonambulismo, num Sábado deste Verão...)


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