
Entre Partir e Ficar (Octávio Paz)
Data 12/09/2010 12:14:31 | Tópico: Poemas -> Introspecção
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Entre partir e ficar hesita o dia, enamorado de sua transparência.
A tarde circular é uma baía: em seu quieto vai e vem se move o mundo.
Tudo é visível e tudo é ilusório, tudo está perto e tudo é intocável.
Os papéis, o livro, o vaso, o lápis repousam à sombra de seus nomes.
Pulsar do tempo que em minha têmpora repete a mesma e insistente sílaba de sangue.
A luz faz do muro indiferente Um espectral teatro de reflexos.
No centro de um olho me descubro; Não me vê, não me vejo em seu olhar.
Dissipa-se o instante. Sem mover-me, eu permaneço e parto: sou uma pausa
Octavio Paz (1914-1998), poeta e escritor mexicano, Prêmio Nobel de Literatura em 1990. O poeta faz da poesia uma forma natural de convivência entre os homens. Este poema foi traduzido por Antônio Moura.
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