Amor Vagabundo

Data 27/09/2010 19:46:31 | Tópico: Poemas



Dois são os dias que cai sem parar
Em almas despidas daquele ribeiro,
Chuva miudinha sem nada molhar
Carrega sementes, enxofre e cheiro.

Oscila a saudade como o salgueiro
Descampada da noite há-de calar,
Ao mancebo relento do cancioneiro
Na gota da mágoa a há-de cantar!

Chuva miudinha sem nunca secar
Amor vagabundo… teu leiloeiro!
Três, são os dias que cai sem cessar
Viagens largadas naquele barqueiro.

Geme no sonho quem for mensageiro
Nas calmas correntes vai transportar,
Ganhando a viagem no meu passageiro
Com duas moedas a hei-de cobrar.

Chuva miudinha sem nunca apagar
Enchentes marés do meu aguaceiro!
Dois são os dias que vem p’ra ficar
Em brandos castigos do teu justiceiro.

Carla Bordalo

---



http://historiascomlendas.blogspot.co ... -filhas-do-sapateiro.html



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=152810