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 PESCADOR DO LIRISMOData 01/10/2010 14:52:34 | Tópico: Poemas
 
 |  | Pescar pensamentos
 E transformá-los, ao sabor da alquimia,
 Em iguarias da Poesia.
 
 Pescar,
 Com astuciosa energia,
 A delação contra os matizes
 Da miséria, esconsa ou furtiva
 E convertê-la em metralhadoras compulsivas
 Que cuspam balas de fogo da poesia,
 Assassinando a peçonhenta hipocrisia!
 
 
 Pescar o airoso voo da abelha,
 O sorrateiro voo do açor,
 O lúgubre voo do corvo,
 O termal voo da centelha,
 O solitário voo do albatroz,
 O imensurável voo da cordilheira,
 O insidioso voo da harpia,
 O perspicaz voo da megalomaníaca águia faminta,
 O dantesco voo do usurário abutre, o aeronáutico perito caçador de carniça,
 O perscrutativo voo da coruja, sempre alerta, oportunista,
 O garboso voo da garça, discípula da brisa,
 O grandiloquente voo do ébano cisne simbolista,
 O feérico voo das libélulas-borboletas, velas de chama sucinta,
 O hialino voo da gaivota, paladina da libertária utopia
 E o thecoviano voo da cotovia,
 Comutando-os no cimento, na argamassa, no concreto,
 Na viscosa argila, na titânica longarina,
 Na onipotente vivenda de alvenaria da Poesia!
 
 
 
 Ah,
 Tornar exeqüível
 A mais idílica das pescarias:
 Deslindar,
 Ao bel-prazer do incessante fluxo
 E refluxo da odisseia dos dias,
 Que o elixir da vida
 Foi, é e eternamente será
 A onipresente e suprema arte cristalina da Poesia!
 
 Ah,
 A bem que se diga,
 Quero que --- num iminente amanhã qual ao longe,
 Inermemente  rutila ---
 A esperança-lamparina
 Faça de meu ser em letargia
 Mais um prolífico pescador da Poesia!
 JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
 
 
 
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