ENGANAR A MORTE

Data 28/10/2010 13:27:19 | Tópico: Prosas Poéticas


ENGANAR A MORTE

deixou tudo para depois
desde as importantes coisas
às coisas
poucas

cada pequenino ou grande detalhe
até os diminutos entalhes
de sua estadia
impostos pelas supostas necessidades
desta vida

se assim não fosse,
pensava,
a pena não valeria

assim proceder, ao entender dele
era galhardo
valentia

caso contrário
se sentiria extremamente
frouxo
trouxa

deixava-se doce
levar-se
pelas ondas
dos desenredos do
fosse o que fosse...

era-lhe até difícil
deixar toda e qualquer tarefa
por se fazer
e abandoná-las para se eternizarem
nos amanhãs
de todos os finais que
não podem
porque dormem...

largou até
lá um pouco mais
à frente
a necessidade de curar-se
desse seu indecifrável
contentamento inerte
demente

foi assim
exatamente assim
sem razões naturais
para viver
sem menos
nem mais
que morreu
achando que enganaria
a morte

e
isso,
isso sim
foi para sempre



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