sentar e esperar.

Data 02/10/2010 22:07:13 | Tópico: Poemas

Já sobram-me as horas e farta-me o viver
velha, o impulso não mais é forte
chega, pelo tempo, o Norte
não sou mais febril
sou sol de abril a morrer.

A vida é pensada
não mais sentida
não há mais chegada
ou partida.

Apenas há o fenecer.

Apenas o passar
do tempo pelo fio
do momento
tecendo o futuro
fio-a-fio, lento
eu eu aqui presa em meu pensamento
como o corpo a envelhecer.

Só sobrevivência
sem mais sofrimento
minha alma já acostumou
ao relento
deste céu vazio
até já lhe agrada o frio.

Não há necessidade
de pulmões ou ar
não há mais sanidade
que prejudique meu auto-matar.

A vida não é nada
além de uma barca furada
em um oceano de ilusão

(Que eu observo afundar acomodada
nesta poltrona chamada solidão.)


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