
Ponto de Partida (Sérgio Ricardo)
Data 04/10/2010 18:32:22 | Tópico: Letras de Música
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Não tenho para a cabeça Somente o verso brejeiro Rimo no chão da senzala Quilombo com cativeiro, olerê
Não tenho para o coração Somente o ar da montanha Tenho a planície espinheira Com mão de sangue, façanha, olerê, olará
Não tenho para o ouvido Somente o rumor do vento Tenho gemidos e preces Rompantes e contratempo, olerê, olará, olerê, lará
Tenho pra minha vida A busca como medida O encontro como chegada E como ponto de partida
Não tenho para o meu olho Apenas o sol nascente Tenho a mim mesmo no espelho Dos olhos de toda gente, olerê
Não tenho para o meu nariz Somente incenso ou aroma Tenho este mundo matadouro De peixe, boi, ave, homem, olerê, olará
Não tenho pra minha boca Sagrados pães tão somente Tenho vogal, consoante Uma palavra entre dente, olerê, olará, olerê, lará
Tenho pra minha vida A busca como medida O encontro como chegada E como ponto de partida
Não tenho para o meu braço Apenas o corpo amado E assim sendo o descruzo na rédea No remo e no fardo, olerê
Não tenho para a minha a mão Somente acenos e palmas Tenho gatilhos e tambores Teclados, cordas e calos, olerê, olará
Não tenho para o meu pé Somente o rumo traçado Tenho improviso no passo E caminho pra todo lado, olerê, olará, olerê, lará
Tenho pra minha vida A busca como medida O encontro como chegada E como ponto de partida.
Sérgio Ricardo, compositor e músico da MPB.
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