Tanto tempo depois

Data 05/10/2010 23:53:11 | Tópico: Poemas

Tanto tempo depois
É curioso ver crescer
O castelo de areia
Da história.

Estupidez brilhante,
Timidez boémia,
Existência inegável. Foi e é.
É o que foi, sem tirar nem pôr
Uma palavra que fique por dizer.

Primeiro, um abraço ao cinismo,
Meu colega de infância que nunca me abandonou,
E me ofereceu as prendas nas horas certas.

Segundo, cumprimentos à palavra.
Sem ela seria tanto quanto sou,
E a indiferença que por ela tenho
É grande demais para a ignorar.

Terceiro, o amor a gangrenar.
A podridão do afogamento é grande demais
Para lhe ligar.

Em quarto lugar, não sou doutor ou médico
De poemas.
Nem sou artesão, que são teimosos demais
Para os moldar.

Em último lugar, o primeiro.
Setecentos dias se passaram
Desde os cantos de liberdade
E as libertações da voz!
Abriram-se caminhos e portas
Para novos versos e países,
Novas formas e raízes
A crescer dentro de nós...

Depois do último, a paciência.
Um vaso de flores a ela,
Sete dias depois de estas morrerem,
E mal apresentadas
Se presentearem.
Que o tempo seja servo e não mestre
Nesta passagem!


Dois anos após o meu registo no Luso-Poemas



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