Considerações sobre a paciente insistente

Data 06/10/2010 00:57:12 | Tópico: Poemas

Ela pensa que a dor é coisa fincada no coração da gente e que puxa a gente pro centro da terra tentando nos firmar no buraco que vem do vazio da mente da gente, que mente. O que ela não sabe é que se não é pelo amor é mesmo pela dor que a gente cresce, ou melhor, transmuta. E nesses dias de chuvas primaveris é dentro dela que chove, como uma tortura fininha, lambendo-lhe a pele e a alma. Ela olha pela janela, na vidraça, as gotas que caem são dela e pelo rosto escoam em tórridas sensações de plenitude e vazio. Conta os quatro ventos que ama, que chora e que goza. Conta que está viva ainda e quer e pode. A menina-mulher pensa que é tristeza, mas dela emana-se luz de sol. Porque lá dentro dela a semente brotou e embora tímida quer luz, e briga pra sair por aquela fresta que ainda resta. E vai ser exatamente naquele dia D, dentro do seu vestido azul que ela vai sentir e vibrar, pois com ela hão de se fiar no firmamento todas as estrelas...


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