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 Revelação D`eusData 08/10/2010 02:42:59 | Tópico: Poemas
 
 |  | A chuva descobre o esqueleto da tarde, Fado dos cantos fundos revela o osso frio da rima.
 Tranquila em torpor de uma morte incerta, observa – o vôo dos pássaros
 Em linha reta.
 
 A chuva faz descer um corpo de plumas,
 Nas asas de um desejo mudo poema.
 Escava o livro das horas de Esteno.
 No encontro com a vítima descarnada
 (personagem)
 
 Alma em carne do texto
 Que vaga,
 Por aí, nas várzeas:
 Lembrança apodrecida na lama.
 
 Fantasma do ídolo, totem desconhecido que clamo.
 Criatura sinistra da ilusão ritual – mantras que entoas só,
 Em um monastério natural, rico em devoções extremas.
 
 Sem nome, me alertam: a incorporação é involuntária.
 
 Deuses e deusas, invadem
 O corpo abertura, do possível.
 Troca esquizofrênica. Eu Múltiplo.
 (pois Ele está em tudo, sendo nada).
 Fio interminável do febril Enforcado.
 Religarão com a palavra, o Verbo da Morte.
 
 Beijo no anel da mão esquálida.
 Gosto servil da taça de sangue.
 Fogo no puro coração recipiente.
 Carne sugada do pão duro – Não O morda
 Em tua fome
 Imortal.
 
 Na catedral dos horrores,
 Do amor hostilizado,
 O conforto espiritual emerge d’um coro de pranto.
 Este olhar de expressão violenta – suspiro de alma em imagem.
 
 Assustados aqueles puros de maledicências.
 Por este Deus impassível, que juram:
 Não quer o bem, nem o mal.
 E recebe todas as preces, sem pressa.
 
 E desse
 espero
 Ser Contido.
 
 (Neste amor que explica a tudo, menos a si mesmo)
 Certa vez, em Salvador, sofri uma "incorporação involuntária" de algum orixá ciumento, e isso me fez pensar neste poema... Como um deus africano, totalmente desacreditado por mim, pode ser capaz de tomar meu corpo e falar através da minha voz? Somos alvos de espiritos que invejam nossos corpos, e por isso temos nossos dias ruins, influenciados pela nostalgia dos mortos?
 
 
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