PAIXÃO

Data 08/10/2010 09:48:47 | Tópico: Poemas

No fio da navalha verti meu sangue, que pelas veias corria desordenado
Até explodir desesperado em borbotão, num uivo cavernoso e alucinado
Mata-me de amor, sufoca-me de prazer, faz-me gemer de arrebatamento
E depois deixa que eu descanse no teu peito amável o meu aniquilamento

Sei que contigo posso entregar-me à mais feroz e estranha insânia
Podemos recriar-nos num desejo cego de uma alacridade invulgar
Em nós há a identidade do mesmo querer, e da mesma ânsia
De rompermos com o banal, de nos guerrearmos até arquejar

Entrego-me a ti entregas-te a mim, fazemos o que nos apetece
Temos o dom dos prodígios nos nossos corpos e em nossas mãos
Júbilos e sortilégios, tramas e urdimentos, de que a alma carece

Em ti deixo minhas marcas, cicatrizes indeléveis mas em brasa
Vai és livre, mas nunca vais esquecer, estes momentos de união
Sei que voltarás de vez enquanto, porque serei sempre a tua casa

08.10.2010



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