Por falar em Amor!...

Data 08/10/2010 18:16:59 | Tópico: Crónicas

Hoje o dia despertou chuvoso e melancólico e em dias assim não é fácil escrever sobre temas coloridos – é como se o próprio tempo nos mostrasse que em poesia ou em prosa todos os assuntos são viáveis e até mesmo obrigatórios.
Por outro lado, já enfrentei este tipo de desafios em outras ocasiões e o difícil mesmo é escrever sem cair no erro de me repetir, não apenas nas palavras mas também nas ideias.

Existe um tema assumido instintivamente por todos os autores – o do Amor – e não poucas vezes, de uma forma obsessiva que chega a saturar o mais complacente dos leitores. Mas mau mesmo é quando o assunto é recriado de uma maneira pessoal, sem que se tente dar-lhe um toque de universalidade, com que o leitor se sinta identificado.

O Amor é fundamental na nossa existência, mas não apenas aquele Amor que une dois seres até que a morte os separe (espera-se) … Perceba, caro autor e leitor, que existem a mais diversas formas de Amor, desde logo o Amor ao próximo, o Amor à Natureza, o Amor à arte, o Amor a toda a Vida e até mesmo o Amor que deixou de o ser.

Em Março de 2006 comecei a publicar na net (Recanto das Letras) e desde logo descobri esta obsessão dos autores pelo tema do Amor e passado poucos dias escrevi e publiquei – como que movido por espírito de contradição - o “Poema do ódio”, que mais tarde foi publicado em áudio, recolhendo nas duas versões mais de vinte e três mil leituras e audições.
O segredo?!... Não sei!... Talvez o facto de ser um poema de Amor, em que nunca utilizei essa sedutora palavra, ajude a explicar um pouco este sucesso.

Pessoalmente acho que o Amor à literatura deve estar no topo das prioridades de todos aqueles que gostam de escrever. Criar compulsivamente textos só para mostrar labor – e ainda por cima repetindo temas e lugares comuns – não é prestar um bom serviço à arte. Pelo contrário! … O ponto de saturação pode ficar tão elevado, que os leitores passam mecanicamente por cima das palavras, podendo até não digerir convenientemente um ou outro texto de qualidade superior que lhes surja no caminho.

Compreenda-se que nem todos podemos ser autores reconhecidos, mas todos podemos ser leitores agradecidos, não apenas pela oportunidade de colher vida nas ideias apresentadas, mas também de poder partilhá-las com outras pessoas, que em muitos casos, se pode vir a comprovar possuírem insuspeitas afinidades connosco.
Por certo que unir seres que não se conhecem – e que podem nunca se conhecer – graças à arte conferida às palavras, será uma das principais riquezas da literatura.

E o Amor?!... O Amor continua aí a dar cartas enquanto existirem seres humanos dispostos a dar e a receber o melhor de si em nome da Felicidade, sabendo que basta uma simples flor oferecida na hora certa para poder ser criada uma obra prima que a todos orgulhará.


08.09.2010, Henricabilio


PS - Se sentiu curiosidade em conhecer o "Poema do ódio" ele está aí nesse link, esplendidamente declamado pela amiga Zélia Santos:

http://recantodasletras.uol.com.br/audios/prosapoetica/4998



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