De volta, solo materno

Data 19/01/2011 10:19:41 | Tópico: Poemas

Revisito o silêncio
do prado que me criou:
o céu ainda é o limite
entre o sonho e onde estou,
aqui, no solo materno
de onde a vida me arrancou.

Invisto a intimidade
que me vigiou a ausência:
o vento ainda é veículo
que me traz a ingénua essência
do meu ouro tresmalhado
por searas de involvências.

Desaperto os nós já cegos
pelo pó do abandono:
a velha árvore sem frutos,
sem restos de medo e dono
ainda guarda os seus ninhos
em sazonal régio trono.

Aperto ao peito regressos
dos gritos em vão tolhidos:
na diluição das lembranças
firo a frio os tempos idos
e acordo dos vendavais
para os sonhos não cumpridos...


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