Lezíria aberta

Data 20/08/2007 11:52:11 | Tópico: Poemas -> Surrealistas

Caminham lado a lado as linhas, os canaviais e os prados
da Lezíria aberta desta hora.

É manha, pouco mais que o romper d’aurora.

Os cheiros da terra, da terra cerúlea que chora,
elevam-se densos em pernas cansadas de cigarras.
Caladas, mudas, no desalento e na desesperança
de um Sol de Verão entontecido, em que os juncos
ajoelharam por dentro da carne fria dos lodos.

Do rio, do rio abrasado aqui ao lado,
peixes sem escamas, sem guelras e sem barbatanas,
mordem iscos, na fome vermelha dos engodos.
… na concupiscência de todos os logros.

Lado a lado, na manhã da hora, no tarde do momento,
no pânico vígil de estar atento à epidemiologia
dos lugares vulgares, na armazenagem tardia de dialectos,
dos pastos infectos e do restolhar cirúrgico das sebes,
sobem em bandos Carraçeiros brancos.




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