PORTO DE ABRIGO

Data 12/10/2010 21:24:27 | Tópico: Poemas

Meu burgo antiquíssimo de musgo e granito
Nascido no Morro da Sé, que se fez logradouro
De vielas soturnas, estreitas, com o bafio do rito
Que correm como veias de sangue até ao Douro

Na Ribeira cismando olho o caudal do rio pardacento
Que corre até à Foz e no Cabedelo se mistura ao mar
Na esplanada levo aos lábios o Porto, vinho de alento
Que deixa uma ardência na garganta e me vai animar

A neblina cria uma atmosfera de sonho, de etéreo aguado
O feitiço da paisagem é de impressão de aguarela delineada
Que tanto atrai fotógrafos e pintores para o sonho fadado
E tanto inspira os poetas, que escrevem a sua visão idealizada

Perco-me no alvoroço das pombas, nos gritos das gaivotas
De eléctrico vou pela marginal, em ritmo lento, até à Foz
O mar rebenta bravo em ondas gigantes e tão tenebrosas
O cheiro a maresia refresca-me o espírito de forma atroz

Pelas ruas desta cidade, cheia de História e estórias
Reencontro-me com o meu passado, com a minha vida
Ruas, casas, praças, pregões me trazem memórias
A emoção me sufoca e por lágrimas sou sacudida

Sá da Bandeira, Fernandes Tomás, Bolhão, Santa Catarina
Formosa, Passos Manuel, 31 de Janeiro, Praça da Liberdade
Clérigos, Carmelitas, Leões, Carmo e dobrando a esquina
O «Piolho» onde tomo um café! Esta é a minha identidade!
12.10.2010



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