Do linho alvo, a flor da carne

Data 21/08/2007 15:49:28 | Tópico: Poemas -> Amor

Do linho alvo, a flor da carne e a noite empapada do suor.

Incolor o mar ao largo, num oceano vasto de verde-jade
com que vesti o sonho - quimera de luz e cor-,
e me despi de mim, desnuda.

Do linho alvo, a vasta ruga
de te amar sem norma,
Sem tempo
Sem rasto
que não seja o desenho cravado e basto
do teu corpo
sob a minha boca aveludada de cereja.

De me dar total, em absoluta entrega,
do leite virginal, a folha em queda
e aceitar a finitude
o cansaço e a fraqueza da manhã
manifesta na Lua moribunda.

E para lá da fraga, arredondada em chama,
o esvoaçar nocturno,
descontinuado, do tecido usado e gasto...
luz decomposta em prisma.

E este enigma remoçado,
uma e outra vez e sempre renovado,
diminuído o gesto da voz que chama,
… pétalas dispersas, revoltas, sobre a cama.





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