
Dói-me o Outono
Data 17/10/2010 16:24:20 | Tópico: Textos
| Dói-me cada manhã de Outono em que não te ris da minha alegria infantil a orquestrar as folhas que piso, aliviada pelo suplício de verão quente que finalmente se dissipa e me devolve alguma paz. Componho verdadeiras odes ao sol que, por fim sereno, me beija a face com doçura, e agradeço-lhe em silêncio a verdadeira luz que me segura a mão. Dói-me cada manhã de Outono em que não é minhoto o chão que piso, por entre a profusão de cheiros doces e cores de aconchego, e que o meu peito parece rebentar em júbilo, de tão maravilhado com o amor que me dás e com a vida que construímos. Agora em cada folha que cai, sinto exangue o beijo que te não posso dar, o abraço firme que não te posso cheirar. Dói-me na alma esta manhã de Outono como qualquer outra estação, como qualquer outra manhã. Mais uma que desperta sem ti. E eu, vencida a contá-las.
26 de Setembro de 2010
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