
O nó Górdio (Bertolt Brecht)
Data 19/10/2010 22:45:48 | Tópico: Poemas -> Reflexão
|  O nó Górdio
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Quando o homem da Macedônia Com a sua espada Cortou o nó, chamaram-no Naquela noite em Gordium, "escravo de sua fama".
Pois o nó era Uma das raras maravilhas do mundo Obra-prima de um homem cujo cérebro (O mais intrincado do mundo!) não pudera Deixar outro testemunho senão Vinte cordões, emaranhados de modo a Serem um dia desatados pela mais hábil Mão do mundo! A mais hábil depois daquela Que havia atado o nó. Ah, o homem Cuja mão o atou Planejava desatá-lo, porém O seu tempo de vida, infelizmente Foi bastante apenas para atar.
Um segundo bastou Para cortá-lo.
Daquele que o cortou Muitos disseram que Esse fora o seu golpe mais feliz O mais razoável, o menos nocivo. Aquele desconhecido não era obrigado A responder com seu nome Por sua obra, que era semelhante A tudo que é divino Mas o imbecil que a destruiu Precisou, como que por ordem superior Proclamar seu nome e mostrar-se a um continente.
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Se assim falaram em Gordium, eu digo: Nem tudo difícil de se fazer é útil, e É mais raro que baste uma resposta Para eliminar uma questão do mundo Que um ato. Bertolt Brecht (1898-1956), grande poeta e pensador alemão. Como ele mesmo disse viveu em tempos negros: viu a 1a Grande Guerra, viu a Revolução ser massacrada na Alemanha e seus líderes serem barbaramente assassinados, assim como milhares de operários e também as lideranças sindicais. Lutou durante toda a sua vida em defesa dos oprimidos.
Poema traduzido por Paulo César de Souza.
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