
É quarta. Da polida prisão do ventre
Data 20/10/2010 19:46:56 | Tópico: Poemas
| AS TARDES DE QUARTA
Tenho um furacão por manto E um insano vulcão por cinto Minto por cada minúsculo poro Pela boca, evadem meias-verdades Furor nos debates, por cada milímetro Lá se vão os egrégios gigantes retardes A morderem amigos, anões sorridentes Na refeição negligente de quarta Ao seguir do ocaso da tarde
Tenho a demência dos imperadores Uma nobreza torena, reluzente As deselegantes pernas cruzadas Para o nada, meu reino é bem-adaptado... É quarta, me sinto coroado de nuvens A espalhar-me ouro de tolo garimpado Nas altas vagas de minha cintura A esta altura, nem tão magra
Tenho certa razão, isto impressiona Meu argumento é mais que preciso Abate-me por fidedigna indigestão É quarta... Da polida prisão do ventre Pois a terra escraviza meu fogo, A água incha minhas veias E o ar... Sai de minhas cavernas Minha carne crosta queimada Com gosto apimentado de ervas A temperar-me de idéias vagas
Tenho o uísque um tanto aguado Vida e morte inebriam o encontro Qual nada, participantes desavisados A gritarem, alterados, o empate do jogo Quarta, o pão repousa escuro, requentado Está muito claro! É a mão de Deus A revelar-me o enrijecido malogro Nunca estive tão distante de asas... Divago. É preciso um infinito tempo Curar-me! Ao toalete lavar o rosto.
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