Sujeito Oculto

Data 22/10/2010 01:27:52 | Tópico: Poemas

Sujeito Oculto

Os caminhos que me percorrem
Permanecem desconhecidos de mim;
Jamais sei o que me atinge,
Até que me acerte em cheio,

E me deixe assim,
Num estado de pura fragilidade,
Um tremor de carnes lânguidas!
Eu sofro, mas sou pretensioso:

Quando estiveres em outros braços
Serei o sujeito oculto de teus pensamentos,
Serei o definitivo termo de comparação;
E ao fechares os olhos durante o gozo,

Teus lábios mentirão a intensidade do prazer;
É o ardil que inventaste para que o outro
Não me descubra na vagueza de teu olhar.
Neste instante, serás atingida pela certeza

De que essas carícias que tens agora
Erraram os caminhos que te percorrem.
E nada, nenhum ardil te poderá aliviar
Dessa brutal sensação de diferença...

[Penas do Desterro, 31 de agosto de 2004]



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