Poema sem corpo

Data 25/10/2010 04:48:01 | Tópico: Poemas

Portanto, não se espante...

Está previsível o que soa absurdo,
e montótono,
o que perverte.

A dádiva é um alívio redondo,
feito dos mesmos suspiros
mesmos alívios indecentes.

Vá lutar, por um afago!
Ame sua própria tragédia de feto - e repare
na extremidade insatisfeita
onde tocas o vazio.

Brinque de Ser, esteja
sempre aqui.

(Pois o passado e o futuro são locais sem pegada)

Oramos todos, aflitos. Um instante...
No momento desta despedida breve -
O prazer, a sede do corpo
Seca.

A fome é feita no final,
e a retidão ocasiona o início.
Onde volto,
ao tango de outrora.

O amor está ferido pela distância,
e a saudade penetra o sangue da falência.

Talvez reste algo para reclamar, ou então,
desitência.

Senil malevolência - ódio à juventude que adio.
Para onde fugi - O Abismo - encontro também
os laços tardios,
os abraços partidos,
as carnes trêmulas,
os vícios do espírito.

Poesia, corpo espectral
feito de sacrilégios, ou sacro'ofício
da morte maior: deste corpo,
privilégio.

(Nascimento Andrade)



A saída pode ser o início, já pensou nisso?

Poema dedicado à Pavel Plastikk.



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