POEMA QUASE ABSURDO

Data 28/10/2010 04:56:26 | Tópico: Poemas

na cidade morta e esquecida
desisto de esperar o trem
devo me esconder no cemitério
entre os mortos
e esperar que o dia acorde melhor
mas caso venha o coveiro louco
o que faço?
meto-me entre os mortos?!
digo a eles que morri também?
na verdade já morri um pouco
meia morte não vale
deixa que eu morra de uma vez isabel
ninguém dará falta de mim
mas não gastes nossos últimos dinheiros
com flores para o meu funeral
se acaso precisares chorar - se for muito necessário que chores -
gasta também poucas lágrimas
e não te declares viúva ao povo
não vale a pena viuvez na tua idade bel
diz a quem te perguntar sobre as lágrimas
que acolheste um louco por piedade
o resto deixa comigo
o remorso deixa comigo
o silêncio deixa comigo
procura depois do enterro um baile
de carnaval e vai dançar
que por aqui eu me viro

(o enterro a previdência paga
não te apoquentes, bel)

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júlio


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