A Entrega do Corpo

Data 29/10/2010 23:41:23 | Tópico: Poemas

E eis o corpo escornado, caído, derrubado;
Latejam nas têmporas raros sinais vitais;
Sons, se ainda existem, apenas os fricativos;
A pulsação é fraca, some ao toque dos dedos.

Mas, atenção! Um olho acaba de piscar:
É possível extrair mais deste ser exangue,
Mais, mais... e se faltar, um canudo na veia
Fará cumprir o último gole da dívida não paga!

Entregue... enfim, este corpo já sem ânima
Rende-se incondicionalmente, está entregue,
Não mais lutará por viver sonhos antigos,
Não mais demandará um espaço entre os vivos.

Mais um: este corpo está entregue à Terra,
Selam-se as vozes, clamores, necessidades,
Extinguem-se as expectativas vorazes,
Encerram-se as esperanças cúpidas - o fim!



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