O RIO

Data 25/09/2006 11:27:51 | Tópico: Poemas

Qual fruta saborosa
Em cuja carne doce e macia
A linfa desejada corre,
Você, montanha milenar,
Sem perecer nesta vida,
Doa sua essência líquida,
Clara, imprescindível.
É a água sem tintura que corre em seu seio quente
E vem, depois de tempos,
Formar o rio vermelho que corre em mim.
Água que guarda consigo caracteres ilimitados
E singulares efeitos
Que me permitem viver e amar.
Nasce e morre em semelhante escuridão...
Quão poderosa é sua fonte,
Sua força impregnada de moléculas solitárias
Que fizeram de sua solidão coletiva
O néctar que faz findar a sede.
Abranda graves temores em caminhos escaldantes
E desliza anonimamente em mim
Percorrendo-me como se eu fosse terreno fértil.
Devassa minha intimidade
Com sagaz perspectiva
Me dando e me tomando,
Lançando fora o pior de mim.
Caudaloso e feroz,
Não se abastece em precárias estações.
Ambiciona entornar-se,
Com o encantamento que carrega,
Em grande mar salgado de lágrimas,
Para ser, qual fruta madura,
Consumido sob sombra tranqüila,
Morno ainda...


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