 
  
    	O Bolero que Perdi
    	Data 02/11/2010 12:24:58 | Tópico: Poemas
 
  |  Noite ruim, perdi.  Perdi tudo, tudo; saio como tenho de sair; ajeito o colarinho, cuspo de lado, seguro o paletó  no gancho do dedo e vou pela rua afora.
  Luzes ficam atrás de mim,  a música também fica,  e sigo... sigo mas, saiba que não te perdoo por não teres sido minha naqueles tempos em que um bolero faria a diferença!
  Morto de ciúmes, eu teria aprendido a dançar contigo. Mas duvidaria de tudo: ...onde aprendeste, quando, quem era ele... Agora é tarde, cheguei tarde  para a festa de tuas carnes.
  Um bolero, um bolero só, à meia-luz, na sala silenciosa, e tu me dirias mentiras piedosas, dessas que se contam a moribundos, a mendicantes, ou a amantes ingênuos...
  Ah, boca amarga, o champagne de primeira virou de quinta, a sarjeta é comprida...
  Na sala vazia, ecoam ainda os versos do bolero que eu perdi. O par dançante errou o passo, desacontecemos, jogamos torto, e agora, eu danço apenas os compassos da solidão, [Noite ruim — Fim].
  [Penas do Desterro, 01 de janeiro de 2010 - 02hs da madrugada]
 
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