REVIVER UMA PAIXÃO.

Data 03/11/2010 00:06:44 | Tópico: Poemas

MINHA ALMA GÉMEA

No início, não percebi...
O gargalhar da relva macia,
entoava melódico no corredor apertado das minhas levianas divagações,
sentia-lhe o odor dos lábios molhados, respirando o ar melífluo que era ausência em mim.
Agarrava-te num punho fechado de utopias,
sustentando o encanto lírico do olhar mais doce e casto de todo o firmamento!
Como queria adormecer nesse azul vibrante,
pernoitar na rubra e estonteante tentação que crepita em cada gesto magico do teu sorriso e
perder-me da vida,
esquecer-me do mundo,
encontrando-me letrado e legível nos contornos delirantes do teu espanto!
Deixei-me ficar,
escutando o silêncio intransigente e compulsivo da noite.
Imaginei o reencontro e a invasão trémula da mudez em desalinho.
Ainda é cama quente o deslumbre dos teus lábios garridos na leveza dum beijo breve.
Foi bom descobrir em ti o sabor dos sonhos,
desafiando a tentação ardente da plenitude anunciada, num roçar leve de labios,
onde teria morrido pleno e feliz por mais um segundo em tua boca.
ainda te lembras?
Despontavas em mim fascínios míticos,
desfolhando a passos lentos o livro onde secretamente te escrevias...
E eu?
Eu bebia em ti cada palavra como se fosse essência cabal,
saciava à sede dos desejos que borbotavam em ti,
a cada toque,
em cada gesto uma harmonia concertante,
na desafinação inconsequente da minha existência.
Queria olhar-te de novo,
perguntar-te pelas marcas do passado,
talvez tocar-te a face e velar por seculares eternidades,
as bucólicas madrugadas que despertam no ventre imaculado dos teus olhos...
Queria perder-me uma vez mais no bálsamo perfumado do teu riso,
adormecer no afago suspirante do teu peito e dar à luz sonhos que inventei contigo no imaginário.
Descobri-te, não peço que me ames com a mesma intensidade voltaica que eu te amo,
deixa repousar apenas sobre ti o âmago do meu fascínio, sentir o arrepio estridente dos sentidos e
o galopar feroz do coração em riste.
Queria falar-te de amor, reavivar a chama olímpica que acendeste em mim numa perdição abominavelmente magnânima e soberba.
Agora, auguro encontrar-me fatidicamente nos teus braços, injectar-me no teu sangue, edificar-me nos recônditos mágicos do teu coração e nele, bater por mim eternamente.
Se isto não é amor?
O que será?

Regensburg
31-11-2010
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