TROVAS DA MINHA SAUDADE

Data 07/11/2010 17:54:57 | Tópico: Poemas -> Saudade

I
Já faz uma eternidade
Que te afastaste de mim.
Mas, no Livro da Saudade
Nossa estória não tem fim.

II
Nem me fale de saudade!...
Não me lembre o que passou!
Acabou a ingenuidade.
Acabou tudo. Acabou.

III
Na magia da saudade
Tudo fica diferente:
Gigantesca sombra invade
O reino d’alma da gente.

IV
Sombra da nossa vontade
Querer que ensombrece a mente...
Se não contida, a saudade
Ensombra a vida da gente...

V
Deter o tempo é impossível.
Desafiá-lo, quem há-de?
O tempo é um deus irascível
Que jamais sentiu saudade.

VI
Que grande a infelicidade
De quem não tem bem-querer!...
Partir sem deixar saudade...
Morrer, de fato, ao morrer...

VII
Tudo o que é ‘felicidade’
Na saudade tem raiz.
Quem não sabe o que é saudade
Não saberá ser feliz.

VIII
Não sei qual a mais pungente
Das saudades que hoje sinto:
Se a do extinto amor, recente,
Se a do antigo amor, extinto.

IX
Tentei matar as saudades.
Tentei matá-las. Tentei.
Nasceram novas saudades
Das saudades que matei.

X
Não maldigas da saudade
O aguilhão que te aniquila,
Pois, mais triste que a saudade
É o não ter por quem sentí-la...

XI
Esquecida na saudade
Viraste sombra. Sumiste.
Hoje é outra a realidade:
Eu e a tua sombra triste.

XII
Sigo a estrada da verdade.
Levo amor, paz, alegria.
Sou escravo da saudade
E a esperança é que me guia.

XIII
Saudade... Estações vividas...
Lembranças tornadas ais.
Imagens, talvez perdidas
P’ra sempre... p’ra nunca mais...

XIV
Desencontros... Desencantos...
Quem não os teve, jamais?
Promessas, ósculos, pranto...
Adeuses e... nada mais.

XV
Ébrio de amor e saudade
Eu choro e rio sozinho.
Um dia, a Felicidade
Andou pelo meu caminho...


(Do livro "Trovas de Sersank")




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