ADAGIETTO

Data 07/11/2010 20:54:16 | Tópico: Prosas Poéticas

1
Estou à janela. Vim ver a noite para te perscrutar no escuro. O adagietto de Mahler ocupa a casa e sinto sempre um arrepio de emoção, de algo que me aniquila, me esvai da realidade e me dá a mão, para um mundo indefinível de comoção! As lágrimas rolam suavemente, gota a gota e vão desaguar salgadas nos meus lábios.
2
Hoje fui bafejada por umas palavras, o teu pensamento concentrou-se uns minutos em mim. Que feliz me senti! Vivo dias de expectativa, de por ti ser lembrada. À noite penso «pode ser amanhã»! Durante o dia procuro com a inquietação que me corre nas veias, sinais de ti! Quase sempre nada!
3
Meu amor vivo de pequenas e escassas alegrias, a ti me devotei até às últimas notas do pungente adagietto, que me fez viajar… As minhas mãos desesperadas penetraram pela tua roupa, tocaram a tua pele, deixaram-me transbordante de humidades.
Fui-me deitar e até adormecer, fiquei em ti!
4
Ao acordar, estava contigo a conversar! Num pequeno lapso, fugiste! Ah quem me dera voltar a adormecer e de novo te apanhar!

07.11.2010



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