tretapak

Data 07/11/2010 23:06:31 | Tópico: Poemas

releguei todos os meus discursos para ficar a sós
entre páginas despidas e eu.
e todas as dúvidas sobem e sobem
como se um longo acorde de violino fosse.


(vai.se pondo de pé um mundo absorto)

se afirma um delírio,
um rumor?
volta.se com cuidado a percorrê.lo
sob árvores abertas de metáforas
para semear experiências, até desejos
e voos livre para o incerto.

no papel uma pena exercita.se
mesmo por baixo das pálpebras
ressuscita o que não pode ser visto:
a minha candeia – um silêncio ardido,
as minhas epopeias em ruína.

(com uma atitude baliza.se um território)


recita o absorto a demorar.se
então, só então,
enquanto a saliva mistura.se com a terra e soletra,
onda a onda
sopro a sopro
traduzem o tempo que traz não sei de onde
reverberações mais subtis do ígneo.

(a lucidez que interroga)

hoje dou comigo a pensar
como é curioso o facto de continuar
depois de tantos milhões de anos,
desesperadamente à procura de uma luz.

(uma vez escolhida a fronteira do insane)

escolho então pintá.lo até ao fim
converter.me para sempre nele.



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