Vai-te, Ó Adamastor

Data 10/11/2010 17:36:08 | Tópico: Poemas -> Tristeza

Quando saíste, e, contigo, a luz levaste
Cruel castigo me ditaste
Por ele eu me fadigo
Mendigo...
Mergulhado, na escuridão
Desolado
Vida pálida, branco papel
Borrão
Cutelo

Ó martelo, que me massacras a alma, e coração
Porque, de mim, não tens compaixão?

Oh pavor...
Horror
Imensidão latente
Sufocante desventura
Morte prematura
Permanente,
Como tu me atormentas, imensamente, e me sufocas o coração...

Se voltasses, e me olhasses
Se visses o tremor de meu lábio; de minha mão...
O temor de minha alma, que não mais encontra a calma...
Também tu tremerias
E, se não fora por amor
Por compaixão,
Decerto, à minha cabeceira, pernoitarias

Ó mar tempestuoso, onde me lancei, e me afogo
Te rogo
Não deixes, que parta a sereia, que, fugitiva, passiva me deixa à deriva
Pois ela tem minha alma cativa

Adamastor...
Afugenta o vampiro,
Esse morcego, sinistro,
Que me consome o sossego

Vai-te solidão
Devassidão!
Monstro impiedoso
Ditador de injustiça gritante
Estupor,
Que, por minh`alma dissiminas a dor
Tu és ditoso ignorante!

Vai, tu, ó Gigante Adamastor, pois, que a meu âmago atormentas
Tu és horror, que não ministro

Vai-te ó horrenda expectativa, promissiva, passiva
Se, apenas, de ilusão me alimentas...

apsferreira
Este poema, embora que escrito já há algum tempo, é extremamente actual, na minha vida de agora, pelo que o compartilho, com gosto redobrado.

www.albanosoaresferreira.blogspot.com



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=159943