Quando a alma chora em piano

Data 12/11/2010 01:30:52 | Tópico: Poemas -> Reflexão

Quando alma chora em piano
Lápides tantas após ano
Em notas para me inventar
Indizível tom soprano, dispersante, desumano…
Um piano a chorar.
Quando perco o som de mim
Nos silêncios do meu fim
No estranho dos desamparos…
Cheiro brilhos da Bolívia
Onde cintilam buganvílias
Num canto de aromas raros.
Parto breve aos desencontros
Campo mártir de confrontos
Com soberba e ufano…
Sou um magala caído
Soldado desconhecido
Bastardo triste e engano.
Ficam coisas pelo chão…
Zeros sós e nãos partidos,
Côdeas rijas das palavras…
Anteontens descingidos
Malte lágrima, risos feridos...
Pianos mortos e armas.
Quando perco a melodia
Do sol, do meio-dia
No meio do mundo sozinho
O piano toca almas
Em notas ébrias e calmas
Solfejo tonto de vinho.
A vida é um compasso
Feito a passo e arrasto
Lápides tantas após ano…
Onde me esqueço de mim
E só me lembro por fim…
Quando alma chora em piano.


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