Penélope

Data 12/11/2010 12:41:46 | Tópico: Poemas

Eu conheço a pureza do ar
E vivo fincado com os pés no chão

Eu já tive o prazer de viajar
Mas sempre há um doloroso adeus

Eu já deixei de me vingar
E sem querer fui vingado

Eu já quis abraçar a mudar o mundo
E inerte, fiquei parado

Eu nunca de tudo desisti
E mudando, fiquei mudado

Contra a injustiça me revoltei
Mas conformado, atuei

Sem ver compreendi o visível
De olhos fechados vi o real

E sabendo da realidade, coitado
Optei, vez por outra, pela ilusão

Sentindo o hálito sagrado
Profanei a mim mesmo

Levantando o cálice de ambrosia
Certa vez, não o levei aos lábios

Luz tão forte me alcançou e sem querer
Dei-lhe as costas e vi minha sombra

Quis ser eu mesmo, eternamente
E de mim mesmo fui afastado

Sabendo tudo que sei
Ignorei

Por quê?

Por que velejar e não levantar as velas?
Por que voar sem abrir as asas?
Por que lutar sem morrer?
Por que nadar sem mergulhar?
Por que viver sem ser?

Eu tive tudo e tudo o tenho
Eu conquistei o direito de me ser
À dama que a me aguardar
Às noites destece seu tecido
Eu lhe digo,
Não desista, já estou a chegar

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