Outra é a Cidade

Data 12/11/2010 23:27:41 | Tópico: Poemas

Outra é a Cidade

-Ao longe os sons do alaúde

Ela, Fátima caminha como quem levita
Sobre as areias do deserto,
Esse mundo que sempre foi o seu.
Está escura a noite
E por isso as estrelas estão vivas
Cintilam mais forte.
Obstinada que sempre foi
Ela caminha determinada
E a intuição é quem a guia

-Ao longe, mais audíveis, sons de alaúde

Vai descalça
Que a areia é o piso da sua história
Da história e da vida
Dos que a precederam.
No horizonte anuncia-se a lua
E na madrugada, à aurora
Ouve-se dos minaretes
O apelo à oração

-Ao longe mais sonoros os sons de alaúde

Na sua negra túnica
Bela mas tímida na sua beleza
Sente próxima a cidade
Dando graças pela graça
De levar descoberto o rosto
Que sente anúncio de civilização.
Sabe que assim, tal quem é
No prenuncio dos seus encantos
Vai deslumbrar o homem que a espera.
Surda euforia lhe enche o coração
E uma vaga brisa suão
A compensa do frio da noite
E a inunda de esperança

-Bem próximos já os sons de alaúde

Do minarete, imperativo,
Novo convite à oração
Às portas da cidade
De níveo turbante aguarda-a o homem
Que por Alá lhe estava destinado
E por vontade dos deuses
Vem ao encontro dos sonhos
Que o coração lhe dita
Ergue as mãos em acção de graças

-Aos sons do alaúde sente
Que valeu a pena a travessia do deserto.

Antonius




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