As mãos escondem-se

Data 13/11/2010 12:42:29 | Tópico: Poemas -> Amor

Cala-se fundo a voz do poeta
sufoca os vocábulos
….mudos
interrogam-se suspensos
da imensidão cinzelada
no silenciado tempo

Calados esburacam o papel
salpicado de sol
pedem ao vento a liberdade de serem
ar, agua, fogo
terra germinante em si

E as mãos escondem-se no refúgio do tempo.

Gemendo nas falécias do teu corpo
perdem-se
na translucidez tatuada dos tempos
das memórias do meu olhar
incessantemente nu
no trajecto dócil dos meus lábios
… fome
e na simplicidade gestual
de um mamilo embriagado
no vinho fluindo
das tuas mãos concha

Na manhã que nasce da carícia da noite
o meu corpo impávido
liberta os calados vocábulos
num voo longínquo da gaivota mente
perdendo-se nas águas profundas
da alma ventre

E a voz do poeta volta a gemer
num poema calado
no papel salpicado de sol

Escrito a 12/11/10




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=160418