Verdes lembranças De menina Dourados os sonhos Que ficaram presos Nos salgueiros E nos amieiros E que por fim Se afogaram Nas correntes Profundas do rio
Tenho para mim Que por falta de algum Meio de me saber Vou sendo alguma coisa E outros que com o saber Vou sendo nada Nas finas lascas De uma lousa de xisto
Um doce lambuzar Até aos cabelos De amoras pretas Tão pretas quando a cor Da pedra onde riscava Os sonhos todos E me levantava a pique Tão a pique quanto o sol Por detrás da noite
Veio uma luz A cobrir-me De todos os azuis celestes De outrora De quando ainda era Uma menina A pintar na relva O céu E a lua E as estrelas E eu
Gostava de pelo menos Ser uma estrela Aqui em baixo Com luz interna Que só eu visse E me reluzisse Por dentro
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