O POMAR (À MINHA MÃE)

Data 27/08/2007 21:00:26 | Tópico: Poemas -> Dedicatória

O pomar das laranjeiras

Está agora destruido

Na casa dos teus cheiros

Um museu foi construido

Sinto-te nas flores do campo

Nos cravos do jardim

Nas águas limpidas do lago

No cheiro do jasmim.

Penso nos teus poemas

Nas histórias que inventavas

Lembro o teu sorriso

E de como me chamavas

Lembro o cheiro forte dos limões

A entrar pela janela

O cesto cheio de nozes

E o bolo de canela.

Lembro a alegria

Das tuas gargalhadas

Os fritos de abóbora

e as frescas limonadas.

Já não regas a horta

Já não cantas cantigas

A nogueira está morta

O chão são ortigas

O sino continua a tocar

As tardes adormecem a poente

Os pássaros continuam a cantar

A água corre limpa na nascente.


Apoio constante

Amor sem parar

Na doença e fim

Partiste para sempre

Deixáste a saudade

Na menina enfim

Que te quis amar

Que te deu de mim.

Sonho contigo

Falo de ti

Conto histórias

Que me contaste

Sorrio ao pensar

No teu sorriso

Choro ao pensar

Que me deixaste.

Porque choras então

Porque gritas dentro de mim

Cala a amargura da tua voz

Liberta o sorriso doce

Dos teus lábios

E as flores

Do infinito do teu jardim



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