Coração Flutua Contra a Gravidade
Age em mim Um sol Que arde Na escuridão
Enxota A própria luz Retém sua Emanação
Afasta-se Da mãe Terra Nas costas D'um abismo
Expele Com frieza Suas lavas De cinismo
Pelo ar estoura Um peito... Com forma... Solidez...
O gelo esquenta-me O corpo Na falta De lucidez
Meu reflexo Pensa, No espelho Nada sinto
Falo a voz Dos mudos, Ouço sons Do Olimpo
Pois é alta a noite E durmo... Nada Me atrapalha...
Em colchão De serpentes Em lençóis De navalha
Quando acordo o corpo É um Peso-vivo
Visto-me para o café, morto rindo E altivo
(Eu sou absurdo Dói em mim saber Que entendo tudo De nada entender)
O tempo já corre inverso...
O mar já toma a cidade...
Meu coração flutua Contra a gravidade
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