Música para seres poema

Data 19/11/2010 01:32:27 | Tópico: Poemas

Lídima face púrpura, não colorada, escarlate, ou vermelho tingido…
Meio respiro encarnado que emenda o corpo de nada infringido.
Sopra de liamba teus olhos ventres de colmo dormidos…
Meus pés em sangue, teus braços abraços, teus livros escondidos…
Explodes doce, sem fel ou veladas ternuras que sabem meu nome no fumo…
És margem livre de quem não tenha alguém para amar.
Rujo o teu queixo e mordo-te a língua urtiga-do-mar…
Que pica e fica fundo, tão fundo, tão mundo, constantemente inconstante, zodíaco, estrela, amante, orgasmo de júbilo dolente que ejacula a olhar…
Que há promessas de música para seres poema…para seres pairar.
Então cá vou em trauteio rouco, louco pela esquina do verso pelo beco reverso pela rua batuta e marco…
Há no céu louva-a-deus e pétalas tão pintadas de sangue que o sol sinfónico fica afónico quando brilhas nos olhos.
Não te consigo dizer, declamar, cantar todas a florestas sombrias onde cortei Aquiles, o tendão onde erguia o peito aos faunos que em zomba me tinham no contrário de ti…
Por isso, ceguei, roubei despi-me no meio da avenida prostituta e ri… ri… ri-me!!!
Rima tresloucada em tombo, no lombo…que não sabia da tua mão em carícia.
Hoje há música para seres poema…
Sei… toca dentro de mim, toca na chuva, um toque de luva, veluda, impoluta…
Sacra melopeia de fé que me duvido se há orquestras no inferno.
Agora vamos, ao colo do colo, de mão na mão, grafitar paredes, correr trapézios sem redes, lamber a salina dos corpos suados na praia, gritar pelos bairros, mandar parar todos os autocarros e carros e comboios, aviões, ferry-boats,
os “camones” da Rua Augusta, as peças do S.Carlos, os concertos do coliseu…
Gritar-lhes que o beijo, descobriu o desejo debaixo do céu.
Lídima face púrpura, não colorada, escarlate, ou vermelho tingido…
Meio respiro encarnado que emenda o corpo de nada infringido.
Sopra de liamba teus olhos ventres de colmo dormidos…
Meus pés em sangue, teus braços abraços, teus livros escondidos…
Eram romances que estavam escritos sem estar traduzidos.


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