
CADA VEZ QUE RESPIRAMOS
Data 19/11/2010 21:09:36 | Tópico: Poemas
| Cada vez que respiramos, um incêndio de sol rasga, num sonâmbulo equilíbrio, a bruma cega do mármore, abrindo uma nova janela no litoral negro do abismo.
A pulso, um pássaro de oxigénio escala a engrenagem metálica de um sinuoso horizonte, irradiando, num silêncio de narinas, o cristal sereno das marés, pousadas numa ilusão de eternidade.
A mortalha breve do tempo, aspirando o pólen matinal, suspende o abraço de gelo que cerca a métrica azul de uma metamorfose de estrelas, adiando uma vez mais o bordado húmido da terra e resgatando, ao pranto dos labirintos, o voo suspenso da quimera,
cada vez que respiramos, iludindo o murmúrio transparente da morte.
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